Breve momento de pausa para quebrar a rotina...

Autoria de textos e imagens do blog é de momento do café


21
Mai 10

Primavera chegara. A oeste da Ibéria, o jardim quadrilongo continuava adormecido pelo canto dos grilos cantantes que, em uníssono, acompanhavam o canto enganador do grilo-líder. Naquele jardim, todos os seres esvoaçantes que por lá labutavam, sentiam que as rosas esmoreciam sob o sol quente da Primavera. Mas os grilídeos cantantes não aceitavam, nem confessavam a razão. Esses grilos cantantes e o seu líder continuavam a governar um jardim fantasiado de irrealidades que só eles enxergavam. Líderes de diversas sensibilidades, no jardim, já tinham lançado um zunido de alarme que o líder dos grilos teimava em ignorar. Aquele zoar exigia a verdade e incomodava os grilos cantantes que logo mudavam de registo e estridulavam para negarem a crua realidade que se instalava no jardim quadrilongo. Um despesismo voraz convertia-se numa praga insaciável que se abatia sobre o jardim que acordava de uma invernia tão castigadora. E, no jardim, o descalabro abria um buraco descomunal. O efeito era inacreditável! Os habitantes do jardim, confiantes, jamais pensaram que tal grilharia incompetente pudesse causar tamanha devastação. "O" vespa-rainha, num relance às rosas que feneciam, não queria perder a oportunidade de protagonismo e, num zumbido estridente, fazia-se ouvir por todos os recantos do jardim. Era o zumbido que obrigava o líder dos grilídeos, no seu canto embalador, a anunciar que uma crise assolava o jardim. E, para remediar a desgraça que se abatia sobre o jardim que governava, o grilo-líder acabava de encontrar o seu par, "o" vespa-rainha, que lhe dava a mão para o tango polífago de ataque  à crise. Os grilos cantantes já não podiam negar o grande buraco escavado no jardim e, em desespero de causa, exigiam sacrifícios àqueles seres esvoaçantes que por ali granjeavam duramente sem que tivessem, afinal, contribuído ou ajudado a cavar o tal buraco no jardim quadrilongo, a oeste da Ibéria.

publicado por momento do café às 09:47

31
Mar 10

"Aquele" vespa foi emergindo em busca de um crescimento seguro. Na realidade, "considerado como um outsider",  de forma calculada, foi construindo o seu ciclo de maturação política. Soube aguardar a circunstância e o momento que fossem favoráveis à sua eclosão como vespa-rainha. Combativo na acção, soube, com clareza, comunicar a sua pretensão, o seu ânimo e o seu charme mobilizaram uma maioria de vespas, um enxame no apoio à luta pela liderança que tanto ambicionara e que o levou à vitória. E o novo líder nasceu. E, naquele vespeiro, assume o poder que acabou por conquistar nas eleições. E este novo vespa-rainha conhece tão bem aquele vespeiro. Sob o lema da mudança, pretende congregar as diferentes sensibilidades que caracterizam o vespeiro. Traça um rumo de firmeza para a sua liderança. Sabe que vai liderar vespídeos com um ADN tão sui generis que, a qualquer momento, podem soltar um zoar ensurdecedor que coloca a nu as divergências adormecidas e acentua as vulnerabilidades que podem abalar as estruturas do vespeiro. E uma outra vespa saberá aproveitar o momento, emergirá prontamente e, zumbindo incessantemente, atormentará, amesquinhará e, impunemente, provocará o desgaste... do novo líder que acabou de nascer.

publicado por momento do café às 19:44

30
Jan 10

Umas vespas esvoaçam e, incansavelmente, continuam a zumbir aos quatro ventos. Ouvem-se num zumbido estridente. Não passa de uma desenfreada, ruidosa e inconsequente dissonância em redor da vespa-rainha a completar o seu voo final como líder do vespeiro. Embora se manifestem num incomodativo e constante zumbido, o receio refreia-lhes a ambição. Nenhum desses vespídeos parece ter o arrojo de lançar o zumbido ensurdecedor que sustenha o sinal de uma arriscada candidatura à liderança daquele vespeiro. Essas vespas, putativas candidatas à liderança, no momento de concretizarem essa decisão, zumbem, zumbem, perdem a coragem, falta-lhes o fôlego para a luta. Fenecem. A coragem não está na proporção directa à intensidade do zumbido que soltam. Afinal, aquele zumbido incessante não passa de uma característica do ADN daquele vespeiro. São vespas que apenas lutam por um lugar bem perto da vespa-rainha para, no momento que elegem como o ajustado, usufruírem de todas as prerrogativas que o apoio ao líder, de ocasião, pode trazer-lhes. Existem, também, as outras vespas. Aquelas que não se acomodam. E entre elas, destaca-se uma vespa que alardeia forte zumbido de firmeza, dá início ao seu voo de mudança. Sabe que uma assumida ambição pela liderança não é bem acolhida. Abala estruturas e aviva as vulnerabilidades do vespeiro. Anuncia a luta pela liderança do vespeiro. Só essa vespa arrisca, zumbe, tem uma atitude de firme de mudança no seio daquele vespeiro que despreza a sua pretensão e ela, verdadeiramente ambiciosa, vai percorrendo, sem pressa, o seu caminho de crescimento político, organiza o seu próprio vespeiro dentro do vespeiro de dimensão mais ampla. Sabe como recrutar e mobilizar os seus apoios. Escolhe o momento adequado para anunciar o seu voo de partida para a mudança. E mudar pressupõe um voo para a liderança.

publicado por momento do café às 00:06

17
Jan 10

A vespa, espécie social, zumbindo incessante, emerge gradualmente,  e  instala-se em qualquer partido do espectro político. Após a nidificação e um crescimento seguro, cria a sua metamorfose, uma mudança radical de formatação e de substância conjuntural para que, em associação com outras vespas, intente a organização do seu próprio vespeiro no seio daquele  amplo enxame de vespídeos.  Parasita e, do vespeiro que o acolhe, retira os meios que sustentam a sua sobrevivência e ambição. Na realidade, tem o papel social de endoparasita partidário. Instala-se indefinidamente e, em algumas fases, sabe como tirar proveito da sua proximidade com as vespas-rainhas que se sucedem na liderança e, calculadamente, espera que o seu ciclo de maturação política esteja concluído. Atingida a sua eclosão política, no vespeiro que utilizou para seu proveito pessoal, o seu zumbido, em crescendo, vai ampliando a sua própria verdade, impondo a sua opinião firme e assegurando que, rendidos à sua vontade determinada, outros vespídeos se congreguem, em seu torno. A ambição não lhe impõe limites. Sente-se a vespa que contesta a acção da vespa-rainha, a que critica as decisões do líder do momento. Dedica-se a prover todos os recursos e os meios que alimentam o seu objectivo político, a liderança, o voo mais alto que um vespídeo almeja. Sabe esperar o momento e as circunstâncias que lhe possam ser favoráveis, conhece os meios a utilizar na concretização dos seus intentos. Assume-se  vanguardista, aceita-se como a referência do protesto, do descontentamento, regista um zumbido insistente para consciencializar o vespeiro, comunica com clareza a sua pretensão. Mostra-se combativo na acção, o seu ânimo mobiliza outras vespas num enxame de apoio à luta a que se propõe em nome do poder que deseja exercer. Reage como qualquer vespa ambiciosa, as suas palavras soam como picadas de ferrão acutilante. Adverte e encara, sem cobardia, todas as decisões da vespa-rainha instalada e que obstaculiza o seu propósito de liderança. Atormenta-a, amesquinha-a, pica-a impunemente, desgasta-a, imobiliza-a para a queda e morte políticas. Assume o poder que conquista. Nasce o novo líder. Impõe-se como a nova vespa-rainha e, do vespeiro que construiu, emerge gradualmente uma outra vespa... que zumbe.

publicado por momento do café às 00:56

31
Out 09

Foi um zumbido em uníssono e orientado no mesmo sentido. Parece ter sido concertado. Deu a entender que só existe "um" vespa que reúne condições para suceder à vespa-rainha. O vespeiro precisa de uma força aglutinadora. A unidade é indispensável. Um zumbido harmonioso fez apelo "ao" vespa que tem a qualidade de grande mobilizador. Só ele mostra ter capacidade de liderança para colocar ordem no vespeiro. Em plena consonância, as vespas soltaram o zumbido clarificador, revelador do apoio "àquele " vespa que definem como o de grande valor para a eleição devespa-rainha. Terá a difícil missão de reunir todas as sensibilidades em torno do projecto de recuperação do prestígio. É o momento de reaver a credibilidade e sanar as vulnerabilidades que resultaram das sistemáticas lutas pela liderança dentro do vespeiro.

publicado por momento do café às 12:06

18
Out 09

A vespa-rainha afirma-se legítima líder na condução do vespeiro. Os maus resultados puseram-lhe a cabeça a prémio, mas aguentou-se. Alheia ao zumbido ruidoso que parece exigir-lhe a demissão imediata, segue na liderança do vespeiro. Mas promete deixar de ser a vespa-rainha na próxima primavera. Para já, zumbem as vespas que contrariadas pelo propósito da vespa-rainha continuar na liderança, já se preparam para a luta renhida pela sucessão. Uma vespa vai-se pondo a jeito, procurando apoios, congregando esforços na formação de núcleos de aceitação entre muitas vespas que voam na busca de poiso onde possam parasitar em torno do "poder". Outra, em momento de franca ponderação, "pondera" candidatar-se como líder do vespeiro, na hora da sucessão. O acto de ponderar limita-lhe o zumbido. O vespeiro sempre foi muito sui-generis. Alimenta-se do próprio zumbido dissonante e do turbilhão ensurdecedor de “ferroadas” polémicas e divergentes em torno da vespa que, em dado momento, lidera o vespeiro. Desde a sua fundação, o vespeiro sempre se caracterizou pela emergência de inúmeras sensibilidades que tornam vulnerável a sua união e sustentam a ambição de umas quantas vespas. A sua história é construída pelo zumbido constante. O zunzum descontente sempre esteve incomodamente presente para fazer emergir uma qualquer vespa ambiciosa e catapultá-la como o novo líder do vespeiro. Nem sempre consegue os intentos, mas não silencia. Faz parte do ADN do vespeiro. Não sobrevive doutra forma. Tal como no passado longínquo ou mais próximo, o papel de vespa-rainha não é fácil nos dias que correm.

publicado por momento do café às 19:04

06
Out 09

O papel de vespa-rainha não é fácil nos dias que correm. No seio do vespeiro, a sua vontade não é suficientemente convincente para congregar, em seu torno, destacados vespões que naquele vespeiro fervilham de ambição pelo poder. As estratégias de acção traçadas para a campanha não foram claras e a derrota acabou por acontecer, colocando a vespa-rainha numa posição delicada face aos resultados alcançados nas eleições. Vencida, mas contrariando o zumbido dos habituais vespões que brigam incessantemente pelo poder e que mostram o desejo de colocarem a sua cabeça a prémio, a vespa-rainha começou a revelar a vontade de envidar esforços para aguentar-se. Como o zumbido pode causar transtornos no vespeiro onde a união se tornou mais vulnerável, anunciou a decisão de não o abandonar  numa altura tão sensível  em que  é necessário que  permaneça unido para a vitória que é urgente nas eleições que terão lugar num momento tão próximo. Mas em torno da sua liderança, o zumbido não vai silenciando e os vespões do costume tomam posição, cada um coloca-se a jeito, espera o momento oportuno para aplicar o ferrão que afaste, definitivamente, a vespa-rainha do combate e da condução do vespeiro. Depois os vespões, entre eles, encetarão uma luta renhida pela liderança. Entretanto, a vespa-rainha segue alheia ao zumbido emitido pelos vespões...

publicado por momento do café às 00:45

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