Este sol, que nasce como se não tivesse força para romper as nuvens que impõem sua a presença neste junho que corre frio e sem oportunidade de oferecer aqueles dias mais luminosos, é o prenúncio de um verão que chegará pouco determinado. Não há ainda aquela leveza que junho traz, aquela alegria que os seus dias emprestam e que ajudam a esquecer a chuva e o frio desconfortáveis que o inverno impôs para que a renovação aconteça quando a primavera e o verão, ainda que pouco expressivos, cumprirem o calendário. Corre um junho enganador que põe à prova todo o desejo de sol, luz, calor, que contraria a vontade de me sentir mais leve e livre para usufruir daqueles dias de sol quente que ajudam a carregar as energias que o inverno, mais triste, frio e sombrio, suga impiedosamente. Junho, de arraiais e ribombar de foguetes, de festas e festivais, de romarias e procissões, de Santos populares e tradições, de manjerico e alfazema, de cheiro a sardinha assada pelo ar, chegou tão enganador, que a alegria parece estagnada. Paciência! Com estas mudanças climáticas que estão a acontecer, com ou sem chuva, com mais ou menos nuvens, com um sol mais pálido ou mais radiante, junho continua a ser o mês que atrai, ainda que a sua mística se esconda atrás de um céu mais nublado e menos azul e luminoso. Não é máscara chuvosa e fria que veste que me impede de o olhar como a charneira entre o cinzento e o azulado, o inverno e o verão e, ainda que o sinta enganador, suspiro pelos dias de sol intenso que possa oferecer. Em cada ano que passa, está sempre latente a renovação daquela esperança que não me larga porque, faça sol ou faça chuva, junho é sempre junho.
Barcos à vela passando no mar que se avista do meu terrraço