Perfumes de bailarico,
alfazema e manjerico!
Da vida, faço um poema
quando bailo assim contigo!
Vamos d' arquinho e balão,
numa dança sentida…
Lá vamos de mão na mão,
dançando na avenida.
Santo António casamenteiro,
arranja-me lá um lindo amor…
Mas que tenha muito dinheiro,
e que seja um terno sonhador!
Ao Santo António e menino
com raminho d' açucena,
vamos cantar ao divino
qu'esta noite é de verbena.
Espartilham-me o sonho,
arrancam-me a certeza,
rasgam-me o futuro,
vestem-me a tristeza.
Desalento cobre os ombros,
farrapo de esperança,
sou corpo nos escombros
mortalha da governança.
Com forças p'ra além de mim,
denuncio tal espoliação,
ninguém me esbulha assim,
e à resignação, grito: não!
São tantos, tantos, os danos,
veemente, grito: basta!
Não perdoo mais enganos.
Rapaces! Comilança!
Ergo-me, sem medo, sem frio.
Minha bengala, a esperança.
Caminho. Tremo. Um calafrio.
Não cambaleio. Aguento.
Meu suporte, a indignação.
São grifos de poleiro...
Nada deixam, nada dão.
Voam raso, tudo rapinam.
Abutres sem lei, nem coração!
Ó inverno truculento,
implacável frieza.
Inquieto. Violento.
Ó sopro de vento acerbo,
ventania desenfreada,
assobio intenso!
Ó chuva gelada,
batida a vento,
impertinente, ritmada!
Ó força da água imparável,
alagadiça, assustadora.
Ó natureza humilhada,
arrastada, submissa.
Desnudada, derribada.
Ó impiedade invernosa!
João e Tiago são crianças com tempo para brincar, rir, correr, ir à escola, estudar, fazer birras. Sempre presentes estão aquelas a quem não dão o tempo de serem crianças, a quem negam a infância...
Criança
é o tempo
de brincar,
correr,
saltar,
jogar à bola.
Criança
é o tempo
de ir à escola,
aprender
a ler, escrever
e contar.
Criança
é o tempo
de voltar p’ra casa,
a cantar,
a rir,
a brigar
com os amigos.
Criança
é o tempo
de dormir,
de sonhar
um mundo novo
a construir.
Criança
é o tempo
de crescer,
ser o Homem
de amanhã,
e ter
em suas mãos
a alegria
de viver.
Rimas Pró João