"Abril brilha na lembrança dos malmequeres brancos e singelos que cresciam no jardim da Casa do Torreão e que se estendiam pelas jarras da sala e do oratório que havia no quarto da tia Emíla. Abril deixa descobrir a cor branca dos jarros que emergiam por entre as suas largas folhas verdes que enchiam os canteiros do quintal que circundavam os três grandes tanques de pedra onde a água espelhava as ramadas com os seus primeiros rebentos. Abril traz o aroma da velha laranjeira lá ao fundo do quintal, onde a cor viva dos frutos sobressaía por entre o verde brilhante das suas folhas. Abril abre-se para uma pausa na memória da Páscoa, quando os simbolismos se aceitavam serenamente e nada se questionava: a bênção dos óleos sagrados, o lava-pés, os laudes de sexta-feira santa, a vigília pascal e a festa da Ressurreição. Abril recorda o estalar dos foguetes e o toque da campainha anunciando a chegada da visita pascal e aviva a doçura e o colorido do domingo de Páscoa, cheio de sol e de amêndoas."
* in http://momentodocafe.blogs.sapo.pt (Excerto editado)