Era uma vez, no tempo em que os insectos e outros animais falavam, um jardim quadrilongo que ficava no oeste da Ibéria e era banhado pelo mar. Dir-se-ia que o mar se juntava ao jardim onde a cor das rosas predominava. Era habitado por muitas espécies de seres vivos e, por deterem o poder, os grilos cantantes eram os que mais se destacavam e assim chamados porque no passado, ainda não muito longínquo, estridulavam incessantemente para amedrontar todos os outros insectos e demais seres que se opunham às medidas que propagandeavam, em show off constante, porque as achavam de grande alcance social e económico. Então, aconteceu que nas eleições para a união dos jardins do velho mundo, uns grilinhos mais próximos do grilinhos dirigentes, pela empatia e por serem mais conhecidos, haviam sido admitidos nas listas como chamariz e na condição de que seriam também candidatados ao poder local nas comunidades daquele jardim quadrilongo à beira-mar. Fora uma regra insistente e principalmente reprovada pelo zumbido das vespas e levara algumas ferroadas das formiguinhas situadas, quer mais à direita, quer mais à esquerda e mais radicalmente à esquerda do grupo dos grilídeos. Contudo, a decisão daquela regra dos grilinhos cantantes mantivera-se. Mas no pequeno jardim, de repente, nas eleições para o jardim mais alargado do velho continente, os grilos foram derrotados e do vespeiro, que surpreendentemente saíra vencedor sob as ordens da vespa-rainha, zumbiram argumentos mais estridentes que refrearam a arrogância e enfraqueceram as decisões dos grilinhos cantantes. Decorrido algum tempo, para admiração de toda a população grilídea e não só, alguns grilinhos que estavam indicados nas listas para as eleições ao poder local no jardim quadrilongo não poderiam ser candidatos a deputados do parlamento daquele jardim tão rosadamente colorido. Mudara-se a regra! Claro que a decisão proibitiva quanto a uma dupla candidatura não fora coerentemente mantida pelo dirigentes grilídeos sobre o grupo dos grilinhos cantantes escolhidos. E como era de esperar, apanhou-os de surpresa e ouviram-se grilinhos a estridular por todo o jardim: uns (os que mantinham a qualidade de dupla candidatura), em uníssono com o grilinhos dirigentes; outros, um pouco dissonantes e revoltados pela surpresa. Mas estes grilinhos atingidos pela injusta proibição, como estavam em pleno verão e, aproveitando o sol, cantaram de forma precavida, não fosse o ar da silly season tramar-lhes um dos tachos no jardim quadrilongo... no outono, a estação do ano que lhes traria a dupla eleição... atraiçoada!