Neste país, em que alguém já sugeriu que se deveria suspender a democracia, já nada me causaria admiração... enfim! Era véspera de mais um 25 de Abril e eu nem queria acreditar na notícia que acabava de ouvir. A raiva tomava conta de mim! Uma proposta de Lei com diretrizes inacreditáveis "sacudia" a comunicação social e como cidadã não podia aceitar que a dita proposta viesse a passar no nosso sistema democrático e parlamentar. Nela, cozinhava-se a exigência de um plano prévio e detalhado sobre a cobertura das campanhas eleitorais que os diferentes órgãos de comunicação social teriam de entregar a uma comissão mista (CNE e ERC) para apreciação e, se não o fizessem, ficariam sujeitos a pesada sanção. Só me apeteceu perguntar o que pretendiam os seus autores com a limitação à liberdade de informação que nos acompanha há 41 anos? Desejavam um novo controlo jornalístico e que a isenção, que deve acompanhar a liberdade de informar, ficasse adormecida? Receei pelo aparecimento do lápis azul na mão de quem se prestaria a tal ação de analisar os ditos planos. E, tendo seguido o desenvolvimento da notícia, concluí que a tal proposta, afinal, nascera de geração espontânea, pois nenhum dos 3 maiores partidos políticos assumiu a sua autoria e, segundo afirmaram, não passava de um documento de trabalho. Assim, a verdadeira paternidade continua incógnita, mesmo depois do aborto forçado pelas ondas de choque e pelas reações de indignação que provocou na comunicação social. Gostei da força dos media ao denunciar e recusar veemente o condicionalismo que denotava tiques de censura, a tal que ficara enterrada, lá trás, há 41 anos. Ressuscitá-la, sim, seria anacrónico.