Sem arquinho e balão
já não posso viver.
Anda aqui, anda ver...
Chegou lindo, o Verão!
Sem arquinho e balão
já não posso viver.
Anda aqui, anda ver...
Chegou lindo, o Verão!
Abril chega e fazendo jus à voz do povo "em Abril, águas mil", quer lavar os resquícios da invernia, para que, de alma lavada, possamos receber a Primavera que, imperceptível, marcou o calendário de Março. E Abril acolhe-a como o testemunho que nos quer passar, com a leveza dos raios de sol que teimam em romper por entre as "águas mil", para deixar transparecer uma luminosidade mais desperta. Abril acorda-nos os sentidos quando as suas águas o deixam assumir aquele ar primaveril que o torna um recém-chegado desejado. E, ao som dos primeiros chilreios e zuídos que se espalham pelo ar, Abril carrega a frescura das cores que a natureza vai tomando para si, cumprindo o programa da renovação. Abril brilha na lembrança dos malmequeres brancos e singelos no jardim da Casa do Torreão e que se estendiam pelas jarras da sala e do oratório, no quarto da tia Emília. Abril deixa descobrir o branco dos jarros que emergiam entre as largas folhas verdes, nos canteiros do quintal que circundavam os três grandes tanques de pedra onde a água espelhava as ramadas com os seus primeiros rebentos. E Abril traz o aroma da velha laranjeira lá ao fundo do quintal, onde a cor dos frutos sobressaía por entre o verde brilhante das suas folhas. Abril abre-se para uma pausa na memória da Páscoa quando os simbolismos se aceitavam serenamente e nada se questionava: a bênção dos óleos sagrados, o lava-pés, os laudes de sexta-feira santa, a vigília pascal e a festa da Ressurreição. Abril é o estalar dos foguetes e o toque da campainha anunciando a chegada da visita pascal. E Abril aviva a doçura e o colorido de um domingo de Páscoa cheio de sol e de amêndoas. Abril é o acomodar dos nossos sentidos ao desentorpecimento que a Primavera vai provocando no quotidiano.
Fevereiro chegou enchendo de sol o seu primeiro dia. Assim aparece o mês mais pequeno no ano... só lhe falta um bocadinho...assim. Mas nem por isso se sente inferiorizado. Para contrabalançar o seu défice de dias, apronta-se com o importado dia de S. Valentim e para preenchimento da sua escassez de dias, ainda nos brinda com o Carnaval.
Os dias de chuva oferecem-nos um interlúdio de luz. O sol brilha. Toma conta do céu azul, por uns dias. Certamente, não vai conseguir suster por muito tempo o seu brilho. É um sol de Inverno. Ele tem a primazia de encher de luz os frios dias com que o Inverno nos contempla. Enquanto duram, são revigorantes, preparam-nos para encararmos, com mais ânimo, o percurso do inverno.
Ao fim do dia de um domingo chuvoso, a síndrome de segunda-feira instala-se. A semana, para além dos sintomas inerentes ao recomeço normal do trabalho e das tarefas de rotina, continua acompanhada de uma chuva chata que se acomodou tão bem ao inverno e não nos quer largar. Não nos dá tréguas. Este céu cinzento e pesado que nos cobre, ensombra-nos o ânimo, encharca-nos a vida e a vontade. Para quem é tão urbana e “litoralista”, que gosta do céu azul, do sol radioso, do mar, mas não consumista de praia, um simples dia de sol de inverno já será uma benção. Fica um réstia de esperança que a chuva se canse e se aborreça de si mesma ou, então, que tenha um assumo de complacência e deixe que o sol brilhe por uns pares de dias.
Aqui fica documentada a viagem de ida a Bragança com regresso no mesmo dia na companhia da neve que obrigou a um desvio pela Régua e pelo Marco de Canaveses para poder entrar na A4, uma vez que o trânsito estava cortado entre Vila Real e Amarante.
À meia-noite, cumpriu-se o ano de 2009. Exposto à crise económica e financeira que transitou do ano anterior, fica gravado pelo encerramento de muitas empresas e pela crescente onda de desemprego. Fica o registo da gripe H1N1 que tanto alarmismo e receio espalhou. Marcado por três eleições, Portugal de antes e de após o acto eleitoral para Assembleia da República não mostrou diferenças. E assim se projecta para 2010. Portugal parece estar condenado à desmotivação, à descrença, à indiferença e, nos últimos dias do ano, ao desespero que resultou da intempérie que se abateu sobre algumas regiões do país e semeou grande destruição. Fica para recordar a tomada de posse de Barack Obama, o 1º Presidente Negro dos Estados Unidos, um homem que vem acrescentar esperança de paz no Mundo. Assim, o queiram todos os homens. Por isso, foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz. Inesquecível o seu discurso na cerimónia de entrega do Nobel. Áquila, cidade de Itália sofreu um tremendo abalo sísmico, devastada pela morte e pela destruição nunca mais esquecerá 2009. A cimeira de Copenhaga sobre as alterações climatéricas, agendada também para 2009, decorreu sob o signo do fracasso, sem que dela tenha nascido um acordo de consenso entre os líderes mundiais.
Um ano que não foi deixa grandes lembranças.