Quando quatro monárquicos na família afirmam convictamente que no dia 5 de Outubro se comemora a Independência de Portugal reconhecida pelo Tratado de Zamora, em 1143, como republicana, só me resta concordar com a coincidência da data.
Quando quatro monárquicos na família afirmam convictamente que no dia 5 de Outubro se comemora a Independência de Portugal reconhecida pelo Tratado de Zamora, em 1143, como republicana, só me resta concordar com a coincidência da data.
À meia-noite, cumpriu-se o ano de 2009. Exposto à crise económica e financeira que transitou do ano anterior, fica gravado pelo encerramento de muitas empresas e pela crescente onda de desemprego. Fica o registo da gripe H1N1 que tanto alarmismo e receio espalhou. Marcado por três eleições, Portugal de antes e de após o acto eleitoral para Assembleia da República não mostrou diferenças. E assim se projecta para 2010. Portugal parece estar condenado à desmotivação, à descrença, à indiferença e, nos últimos dias do ano, ao desespero que resultou da intempérie que se abateu sobre algumas regiões do país e semeou grande destruição. Fica para recordar a tomada de posse de Barack Obama, o 1º Presidente Negro dos Estados Unidos, um homem que vem acrescentar esperança de paz no Mundo. Assim, o queiram todos os homens. Por isso, foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz. Inesquecível o seu discurso na cerimónia de entrega do Nobel. Áquila, cidade de Itália sofreu um tremendo abalo sísmico, devastada pela morte e pela destruição nunca mais esquecerá 2009. A cimeira de Copenhaga sobre as alterações climatéricas, agendada também para 2009, decorreu sob o signo do fracasso, sem que dela tenha nascido um acordo de consenso entre os líderes mundiais.
Um ano que não foi deixa grandes lembranças.
A escola, aceitando as vantagens que advêm das relações positivas que se estabelecem com a família, continua a desenvolver e a implementar uma prática de aproximação dos pais para que estes sintam, cada vez mais, a necessidade da participação e do compromisso no percurso educativo dos filhos. É importante acrescentar que o professor deve procurar conhecer os diversos contextos em que o aluno se movimenta e interage (escola, casa, família), independentemente de estrato sócio-económico e cultural de pertença. Assim, o professor pode aperceber-se da relação do aluno com os pais e/ou outras pessoas com quem tem laços de vinculação ou sociais que lhe permitam estar atento às causas subjacentes a alguma situação irregular que interfira no comportamento ou embarace o aproveitamento escolar do aluno, para que, em tempo útil, possa intervir adequadamente, contando com a colaboração dos pais e/ou outros na recolha de informação. Não se pode confundir a participação ou o envolvimento parental com as tentativas que alguns pais encetam com vista a imiscuírem-se nos assuntos e na tomada de decisões no que concerne à elaboração do projecto curricular de escola e/ou de turma, aos métodos e às estratégias adequadas nos processos de ensino e de aprendizagem, tendo como adquirido que as orientações curriculares, pedagógicas e didácticas competem aos professores. Contudo, cabe aos pais e aos encarregados de educação, e é lícito que o façam, questionar a escola e os professores, sempre que verifiquem que as oritenções curriculares, as propostas pedagógicas, os métodos de ensino e as estratégias e actividades de aprendizagem não sejam os mais adequados e condicionem o desenvolvimento e o percurso escolar dos seus educandos.
Bom era o tempo do Natal passado em África. Preferível ao Natal coberto por um leve e belo manto de neve. O frio atrofia a alegria do Natal. O quentinho da lareira não consegue superar o calor do Natal no tempo dos trópicos. Não havia árvore de Natal, nem o consumismo a que nos devotamos à conta do Pai Natal. Na varanda que acompanhava toda a frente da casa, com escadas de acesso ao jardim e bem virada ao mar, armava-se um grande presépio numa caixa de madeira cheia de areia da praia e, sobre esta, uma cabana com iluminação que fazia sobressair as principais figuras do presépio. Seguia-se todo o guião cronológico da história do Natal. Só à meia-noite do dia 24, hora do nascimento, era colocado o Menino Jesus nas palhinhas e no dia de Reis, os três Reis Magos, que já faziam parte do cenário, eram deslocados para a entrada da cabana. Não faltavam a estrela brilhante a guiar-lhes o caminho e os anjinhos com o dizer, Glória in excelcis Deo, em letra bem caligrafada pelo mano mais velho. A construção do presépio era um entusiasmo para todos nós, com a supervisão do meu irmão F. que olhava a todos os pormenores.
Na véspera de Natal, o aroma a canela espalhava-se pela casa. Era um dia de azáfama para a minha mãe que fazia os doces tradicionais e não faltavam as rabanadas, os coscorões, a aletria, o pão-de-ló e os mexidos (formigos como são conhecidos no Minho) e eram à rico, como dizia um camarada do meu pai, o Sr. Monteiro, porque além do mel e do vinho do Porto, levavam amêndoas, nozes, pinhões, avelãs e passas de uva. O jantar da Consoada era servido numa mesa muitíssimo comprida, na sala das traseiras da casa e contígua à cozinha, porque a minha família (pais e seis filhos) era grande. Mas não o suficiente para a celebração da festa de Natal. Havia sempre convidados, pessoas longe da família e que os meus pais faziam questão de convidar para connosco passarem a noite de Natal. Na noite da Consoada, comia-se o tradicional bacalhau cozido com todos, cozinhado em grande quantidade porque o que sobrava era para fazer a “roupa-velha” que se comia no início do almoço do dia da Natal. À sobremesa, provavam-se, então, todos os doces tradicionais.
Era à meia-noite que colocávamos o sapatinho junto ao fogão que ficava sob a chaminé da cozinha. A ânsia de ver os presentes que o Menino Jesus trazia não nos deixava dormir e obrigava-nos a madrugar para espreitar sa prendas no sapatinho. Quantas vezes, até já tínhamos descoberto os presentes escondidos num dos guarda-fatos, mas era sempre uma alegria. Aquela alegria que só o Natal continua a dar às crianças. E porque o calor apertava à hora do almoço de Natal, comia-se na mesa do quintal, à sombra fresca da grande mandioqueira. Uns anos, lá em casa, criava-se um peru que era servido recheado. Outros anos, os meus pais davam preferência ao cabrito criado e oferecido pela comadre Formidável, (os meus pais eram padrinhos da filha mais velha), e que os criava na sua casa da Samba. Claro que era cabrito, se ele, entretanto, não fosse devolvido pela braveza que resultava do toureio que o meu irmão J. resolvia fazer-lhe. Seja nos trópicos, seja setentrional, o Natal dos tempos de hoje está desvirtuado pelo consumismo que nos contagia e mesmo que sejamos contra este sistema de vivência da época natalícia, acabamos por embarcar nas armadilhas do marketing publicitário que está muito bem apontado para o alvo que melhor responde à publicidade e que tão bem sabe amolecer a nossa vontade: as crianças.
Fotografias tiradas, ontem, na viagem do Porto para Bragança. Um manto branco cobria o percurso, tornando a viagem mais demorada.
Perspectiva-se um começo de fim-de-semana bem preenchido, agora que as férias de Natal estão a chegar. Foi a festa de Natal das crianças com 3 e 4 anos e a apresentação foi muito alegre, com expressiva componente interdisciplinar. A par da língua Portuguesa, cantaram em Inglês e Espanhol, que fazem parte do currículo de formação. A princípio, o Tiago, apreensivo, procurava na assistência a presença dos pais e quando os localizou, ofereceu aquele sorriso de felicidade. A par da participação dos colaboradores do Colégio que cantaram para os seus alunos, a festa culminou com a participação dos pais das crianças desta faixa etária que, por turma, cantaram canções de Natal para os seus filhos. No dia seguinte, foi a festa de Natal do João, estivemos presentes, incluindo a priminha. Houve canções de Natal, uma história contada pelos professores e enriquecida com fantoches e os pais, também, por turma, participaram com canções alusivas à quadra natalícia. Não faltou o Pai Natal que distribuiu balões por todas as crianças. Depois do jantar, foram ao Coliseu do Porto e assistiram ao espectáculo de Circo que os encantou. Até tiraram fotografias com o filhote de tigre e nenhum dos três se sentiu intimidado. Foi um dia tão cheio de emoções que, no regresso a casa, acabaram por adormecer.
A escola, no passado, com uma cultura dominante marcadamente selectiva e destinada às elites, determinou um desajustamento sócio-cultural que provocou o afastamento de muitas famílias do processo escolar dos alunos. Ainda hoje, após o surgimento da massificação do ensino, esse afastamento persiste. Pela sua experiência, os professores reconhecem que há muitas famílias que se sentem desmobilizadas, procuram demarcar-se de todo o processo educativo, tomam uma posição de total alheamento, ou então, delegam à escola a função e o papel que lhes competiria em relação à educação dos seus filhos. Convém referir, também, as famílias que vivem em permanente conflito com a escola. Mostram animosidade nas relações com a escola, transmitem um complicado envolvimento parental que, muitas vezes, acabam por influenciar, de forma negativa, o comportamento e prejudicar os resultados do desempenho escolar dos filhos. Face a casos destes, a escola deve tomar uma atitude de firmeza e, simultaneamente, de muita subtileza para gerir e ultrapassar as situações menos pacíficas. Havendo a consciencialização de que a atitude familiar exerce influência considerável em todo o processo e desenvolvimento educativo do aluno e pretendendo-se que ela seja favorável e útil, torna-se necessário e indispensável que a escola, ciente do seu papel específico no processo ensino-aprendizagem, crie um clima propício para que nela se estabeleça, sem percalços, o envolvimento parental.