O regresso a África nunca mais aconteceu. Ficaram as imagens dos tempos lá vividos. Do cheiro da terra molhada quando caíam as primeiras chuvadas. Sempre fortes. Do espetáculo da trovoada que se abatia sobre o mar e se desfrutava da varanda de casa. Dos relâmpagos que se espelhavam no mar, iluminavam a noite escura e imprimiam um forte risco de luz que dilacerava o céu negro. Do miradouro, ao fundo da rua, onde ao fim do dia se contemplava o pôr-do-sol. Daquela linha onde os azuis do céu e do mar se tocavam e os matizes de vermelho e laranja, incandescentes, espalhavam toda a beleza do sol escaldante que se escondia para dar lugar ao silêncio da noite que só era quebrado pelos sons ritmados de uma qualquer batucada em pleno mar, frente à varanda, lá ao longe, na ilha dos Pescadores.
