Com as luzes de sinalização noturna apagadas e as cortinas das janelas corridas, por segurança, porque o tiroteio sem fim se sentia e com mais de 24 horas de espera e de angústia no aeroporto, o avião levantava voo, na noite escura. Aquela partida causou uma mágoa que se foi desvanecendo. O tempo tudo cura, dizem. Reorganiza as emoções para que se recordem os acontecimentos com distanciamento, digo eu. Jamais se esquece tudo de bom e de mau que nos marca. Houve sonhos que não puderam ser cumpridos. Uns ficaram no passado... arrumados sem amargura, nem revolta. Inadequados ao novo cenário que se desenhava. Longe de África, a realidade passava a ser outra, bem diferente. O cenário mudava, a ação prosseguia e era preciso criar ânimo e tempo para novos sonhos. A vida tinha de continuar longe da terra que me viu nascer.