O TGV acaba de chegar à Educação. Transitar a Grande Velocidade é a medida que faltava ao Ensino para que facilitismo continue a correr sobre carris. E para creditar a transição e refrear a velocidade, surge a ponte com alguns obstáculos (diversos exames) que o aluno tem de contornar para chegar ao Secundário. Que política de Educação é esta que despreza o mérito, frustra e desmotiva os alunos com bons resultados, ilude e defrauda os alunos que alcançam sucesso escolar com muito esforço e, principalmente, promove a mediocridade através dos expedientes com que recompensa os alunos que, sujeitos à escolaridade obrigatória, não querem, nem mostram empenho no percurso académico que lhes é "imposto". A solução de travar, aos quinze anos, o insucesso escolar dos alunos do 8º ano, através da realização de alguns exames, é desconcertante. O aluno frequenta o 8ºano, quer travessar a ponte directa para o 10º e propõe-se aos exames exigidos e que são a nível do 9º ano. Acreditando que os exames são exigentes, que êxito tem o aluno que não possui os conhecimentos, nem as competências que eles exigem? Mesmo que, num apertado espaço de tempo e intensivamente, o aluno estude e se prepare para os exames, os milagres não acontecem. O sucesso escolar não se atinge de modo intensivo. No percurso escolar, o sucesso constrói-se e consolida-se ao longo de muito tempo. Para que serve, então, uma solução tão singular? Vai gerar novo insucesso e não é esse o objectivo por que ela surgiu. Seria uma perda de tempo. Como o único objectivo é iludir o número que pode traduzir o real sucesso escolar, o fantasma do facilitismo parece rondar por aí. Parece que alguém procura impor a presença desse fantasma nos tais exames para que o cardinal fique conforme a ilusão que se quer criar. Ah!... e a grande velocidade, a taxa de insucesso escolar fica reduzida. Então, na Educação, vai restar um qualquer numeral para quantificar a mediocridade travestida de sucesso escolar.