A vespa-rainha afirma-se legítima líder na condução do vespeiro. Os maus resultados puseram-lhe a cabeça a prémio, mas aguentou-se. Alheia ao zumbido ruidoso que parece exigir-lhe a demissão imediata, segue na liderança do vespeiro. Mas promete deixar de ser a vespa-rainha na próxima primavera. Para já, zumbem as vespas que contrariadas pelo propósito da vespa-rainha continuar na liderança, já se preparam para a luta renhida pela sucessão. Uma vespa vai-se pondo a jeito, procurando apoios, congregando esforços na formação de núcleos de aceitação entre muitas vespas que voam na busca de poiso onde possam parasitar em torno do "poder". Outra, em momento de franca ponderação, "pondera" candidatar-se como líder do vespeiro, na hora da sucessão. O acto de ponderar limita-lhe o zumbido. O vespeiro sempre foi muito sui-generis. Alimenta-se do próprio zumbido dissonante e do turbilhão ensurdecedor de “ferroadas” polémicas e divergentes em torno da vespa que, em dado momento, lidera o vespeiro. Desde a sua fundação, o vespeiro sempre se caracterizou pela emergência de inúmeras sensibilidades que tornam vulnerável a sua união e sustentam a ambição de umas quantas vespas. A sua história é construída pelo zumbido constante. O zunzum descontente sempre esteve incomodamente presente para fazer emergir uma qualquer vespa ambiciosa e catapultá-la como o novo líder do vespeiro. Nem sempre consegue os intentos, mas não silencia. Faz parte do ADN do vespeiro. Não sobrevive doutra forma. Tal como no passado longínquo ou mais próximo, o papel de vespa-rainha não é fácil nos dias que correm.