O louva-a-deus, na sua camuflagem estatutária, com os seus enormes olhos, dotados de uma visão perfeita, em posição de quem contempla, vai observando todos os movimentos ofensivos e defensivos que emergem do universo dos insectos e aracnídeos, de modo a que o seu voo impressionante e o seu mergulho veloz lhe possibilitem o desvio aos ataques desferidos por uma praga de maldizentes que pulula pelo jardim quadrilongo que partilham. Sempre atento, com o seu único ouvido, o ouvido do sennhor, vai escutando e espera o momento mais oportuno para projectar toda a sua agressividade devoradora sobre o insecto que tem como função averiguar as pressões que, alegadamente, ele, louva-a-deus, na missão de protecção ao Mestre Louva-a-deus, praticou sobre outros insectos e aracnídeos, aqueles que buscam factos e avaliam a suspeição que paira sobre o seu venerando Mestre. Mas esses insectos e aracnídeos, portadores de fortes carapaças, imunes a acções e a palavras de coação, reagiram sem receio às ameaças veladas do louva-a-deus. Este, face a denúncias surgidas contra si, sob o rescaldo da sua atitude de pressão e de controlo exercida sobre tais insectos e aracnídeos, quase decapitado e periclitante nas suas altas funções, sentindo-se alvo de um acto inquisitorial pela sua conduta, no melhor estilo louva-a-deus, como um lutador ao nível do Kung-Fu, recorre às suas mandíbulas possantes e busca o afastamento do insecto instrutor que o atirou para a disputa correctiva que enfrenta no jardim quadrilongo, onde as rosas florescem junto ao mar, ali, a oeste da Ibéria...