Eis a primavera! Acolho-a efusivamente para sentir o brilho do sol que afastará os resquícios mais teimosos que o inverno deixou para trás. Quero respirar o ar primaveril que espalha os tons vivazes sobre natureza, tão ciosa da renovação, e encanto-me, sob a luz quente do sol, com o colorido que vai tingindo as flores que desabrocham por entre a vegetação verdejante que, livremente, invade e se apodera da terra que a alimenta. Quero a primavera que me desperta os sentidos do entorpecimento inverniço e me convida para o cerimonial da ressurreição que se estende à natureza e lhe provoca o viço garrido ou suave que brota e pontilha o verde matizado do arvoredo de variados tamanhos e formas que cresce, com exuberância, por todo o lado. Quero os chilreios da passarada que quebram o silêncio e os zunidos ensurdecedores dos insetos que acordam aos primeiros sinais primaveris e, incessantemente, esvoaçam pelo céu azul e límpido. Quero desfrutar os dias luminosos, amenos e agradáveis por que ansiava, olhar o tom azul do céu que toca o mar ciano e, lá ao longe, avistar os barcos que passam. Tranquilamente, quero saborear a doçura das amêndoas coloridas que acompanham a tradição que se faz presente e empresta toda a solenidade religiosa à festa da Ressurreição como um hino de alegria que acompanha a renovação que veste de vida e de cor toda a natureza.