Buscam-se, em vão, o pensamento e a palavra. E nada! Num ápice, o "nada" conquista a mente e, sem pedir meças, instala-se, nega-lhe o pensamento e trava-lhe a palavra. Um flash rápido e uma momentânea cegueira mental deixa, à mercê do nada, o pensamento sequestrado, inibido de fluir e subjugado à palavra que se torna reprimida. O pensamento torna-se inábil para provocar ou seduzir a palavra silenciada. Um ínfimo instante, e o pensamento e a palavra perdem-se no vazio mental gerado pelo nada e, de imediato, se pressente a dissonância e a negação que podem acontecer. Sem complacência, o nada deixa o pensamento ao sabor da palavra embargada que o pode falsear ou, de todo, torná-lo improcedente pela incapacidade de o traduzir. Um brevíssimo apagão mental, o nada pode tramar as evidências entre o pensamento e a palavra. É exigida a ação imediata e intensa, um rápido fôlego que contrarie ou evite a acomodação do nada, que reponha a dualidade intrínseca, pensamento e palavra, que nos torna conscientes da nossa sanidade mental, das nossas referências, do nosso antes e do nosso presente, e que nos lança, até, no que possamos antecipar do nosso depois...