A campanha eleitoral para as Europeias, mesmo temperada com picardias dispensáveis, principalmente entre a Aliança Portugal e o Partido Socialista, tipo "atira o vírus para a panela que vai respingar e atacar o outro", está a ser uma coisinha sem sal. Sim, está ser um caldinho tão pobre, tão pouco criativo, desenxabido, despojado de ideias substanciais e de propostas concretas sobre o que, afinal, se pretende fazer desta Europa dos 27*, desgastada e sem soluções num momento crucial para o seu crescimento e afirmação, quando, no seu seio, a economia desacelera, o desemprego cresce, e se sente que o sonho de uma união coesa vai sendo contaminado por assimetrias cada vez mais profundas que, face às dívidas soberanas por que passam os países do sul, servem os países mais ricos para esconderem as suas próprias fragilidades. Pregam uma austeridade que não leva à salvação, mas ao desespero dos países mais pobres. Hoje, só há União Europiea para uns quantos, os que a dominam. Está em causa todo o prestígio que a cepa de políticos, que a ergueu e a construiu, conquistou para este "clube" de referência mundial e que foi tomado por outra casta de políticos pouco generosos, que esqueceu os ideais da sua construção. E, em Portugal, os partidos do arco da governação, uns mais responsáveis e outros mais mais engajados em toda a operação de resgaste por que passámos, deveriam fazer uma campanha mais consentânea com a realidade europeia que nos espera. Saturados, nada sabemos e o que esperar desta Europa, caduca, sem vitalidade, a que pertencemos. E os candidatos ao Parlamento europeu nada nos dizem, nada esclarecem. Merecíamos mais respeito. Não merecíamos uma campanha tão insossa. Depois, sim, não se admirem com a nossa descrença nos políticos.
*Corrijo para "(...) desta Europa dos 28 (...)".
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