Ando práqui a pensar como são longos os meses que um simples mortal tem de penar para gozar uns merecidos dias de pausa que se consomem num abrir e fechar de olhos. Sem culpa nem remorsos, gosto de mergulhar na pausa retemperante do sentido da renovação do ânimo que a vida exige. Por isso, é bom saborear agosto. Traz o bem-estar de um descanso desejado e o benefício do aconchego à leveza do outro lado da vida, o do lazer, das férias, dos dias tranquilos e agradáveis que, por uns dias, me deixam afastada das “coisas” mais sérias do dia-a-dia. E agosto, porque corre mais livre, espalha a sensação de que nada de importante se passa, ou melhor, que tudo (ou quase tudo) passa ao lado. Tem um senão, confesso. Parece correr depressa demais para a realidade dos meses que sobram para as chatices do quotidiano e o cumprimento dos horários rígidos. Reiniciar o programa das atividades diárias, enfrentar o lado do sentido obrigatório da vida, ao longo de uma nova contagem, de verão a verão, até que o desejado agosto seguinte se faça presente e, com ele, os dias de preguiça, no bom sentido e por direito, claro, não é pera doce. Um curtíssimo ciclo, mais leve, dá lugar a outro, mais duro, mais longo, desgastante, mas necessário. Uma prova de resistência. Depois, como toda gente, habituo-me ao ramerrame. Por enquanto, a sensatez, essa diz-me que não desperdice os poucos dias de agosto que ainda restam. Os sinais do recomeço e a entrega ao trabalho e às rotinas, o lado dos compromissos, por ora, arrumam-se até setembro. Depois, ficará a lembrança de mais um agosto.