Há palavras discursivas, enroladas. Rolam ocas. Não dizem nada. São palavras moribundas. Passam. E há palavras escassas, claras, assertivas. São palavras ricas. Permanecem. Recordam-se. Há palavras agressivas, pesadas, que ferem, magoam o corpo e alma. Imperdoáveis e inesquecíveis. Remoem as lembranças. E há palavras leves, doces, iluminam a alma, dão ânimo. Palavras de esperança. Alimentam o corpo e a mente. Imperdíveis. Inesquecíveis, tornam-se motivadoras. Há palavras e palavras, negação e afirmação, desacordo e aquiescência, amor e ódio, raiva e serenidade, resignação e indignação, que correm de boca em boca, instalam-se, impõem-se. Umas servem a literatura, a criatividade. Outras servem o quotidiano, o coloquial. Umas formais, outras informais. Ambas servem a maledicência, o boato. Ou estão ao serviço da cultura, da liberdade, da democracia, do povo. Muitas servem a honra, a verdade, os valores, os princípios. Muitas outras se perdem pelos caminhos da política. E como os políticos se apoderam de todas elas! Palavras de ambição e poder. Palavras de compromisso com o povo. Enchem a boca com elas. Contagiam-nas de demagogia. Palavras manipuláveis. Palavras vazias de sinceridade. Palavras com sabor de traição à palavra dada. Palavras que tresandam a falsidade. Há palavras e palavras. E há palavras de revolta. Só uma serve o povo no grito de indignação: Basta!