Não chove em Portugal. Os agricultores estão apreensivos com a seca. Pedem a intervenção política para que, atempadamente, sejam tomadas as medidas adequadas que minimizem os prejuízos que podem advir se a seca tomar proporções de calamidade. Respondem-lhes com uma medida mediática: fé de que vai chover. Fica  o assunto em stand-by  porque,  de imediato, esta fé não é nada. E porque não juntar, a esta fé, o ritual da dança da chuva? 2 em 1, talvez dê eficácia à resolução que se propõe!. Quem sabe?  

De aborrecido, fevereiro passou a luminoso. Veio diferente. Chegou acentuadamente frio e ensolarado. E segue seco. A escassos dias de atingir o fim, seria agradável que ele nos presenteasse com o ar sombrio e chuvoso a que nos habitou. E, por muito que apreciemos este céu azul e limpo, carecemos de chuva. Que venham, pois, uns dias de chuva.

Mal vai um país que enjeita as velhas tradições que alimentam a identidade e a memória do seu povo.

Tédio anda por aí. Só, aguarda o momento de surpreender Rotina. De longe, namora-a. Espera que o cansaço tome conta dela e a faça despir-se, lentamente, da última veste de renovação que o dia-a-dia exige. É tempo para sedução. E Tédio acerca-se. De mansinho, cinge Rotina. Tocam-se. Tédio torna-se presença irresistível. Fazem o par perfeito. Tédio veste o fato do Aborrecimento, pardacento e solene. Rotina exibe o novo modelo, denso e exclusivo, da Monotonia. Na passadeira dos dias, juntos desfilam o brilho do desalento que ofusca Sonho e Motivação, seus concorrentes diretos. Tédio e Rotina não desperdiçam a oportunidade. Agarram o protagonismo e apropriam-se do quotidiano. Concebem Desânimo, o filho remisso que anula a força renovadora, e Apatia, a filha desengraçada que afasta a vontade.