Entre leões enjaulados e o património das águias chamuscado, que venha o diabo e escolha. Quando o fundamentalismo clubístico-irracional toma conta de adeptos, o desportivismo, a sã convivialidade e o espetáculo nas 4 linhas são completamente ignorados. Enfim, até quando o ódio, a maledicência vão toldar os jogos de futebol?! 

 É loucura, e a fadista da minha eleição que não posso deixar de referir na data em que a UNESCO declarou o Fado Património Imaterial da Humanidade!

Adeptos e responsáveis dos clubes de futebol não podem esquecer e desrespeitar os jogadores que oferecem talento e esforço ao espetáculo! O calor da paixão clubística não pode extrapolar o comportamento social que é exigido pelo bom senso e pelas regras de sociedade. Mas a coberto de ser-se adepto de um qualquer clube de futebol  veste-se a capa do ódio e da violência cega e traz-se para o espetáculo tudo que uma paixão mal conduzida pode fomentar: o desrespeito pela livre escolha clubística. A irracionalidade generaliza-se e apodera-se das circunstâncias e os valores cívicos não se esquecem porque, simplesmente, deixam de existir. A interiorização de que comportamentos violentos dos adeptos possam acontecer num jogo de futebol gera momentos de insegurança e, no ar, paira o receio que, alguma vez, uma qualquer situação criada  se apodere dos laivos de uma insubordinação social de difícil controle e de irreparáveis consequências. Desejo que seja um bom espetáculo nas bancadas e no campo.

Há dias em que acordamos de mal com o mundo e a vida. E esta nem nos corre mal. Só que a má disposição faz-se presente e sentimo-nos out. E embarcamos na onda da lamentação. Queixamo-nos do sol que brilha mas não aquece ou da chuva que, batida pelo vento bravio e frio, nos encharca até aos ossos. Queixamo-nos do autocarro que chega atrasado e, penosamente, enfrentamos a viagem como sardinha enlatada. Queixamo-nos do colega de trabalho que fala, fala. Como está maçador! Ou da colega que só fala dos trapos que a moda dita. Como parece fútil! E nem o chefe escapa. Competente mas pouco carismático. Ou incompetente na proporção direta da prepotência que exerce. Quando acontece assim, agarramos o lado "chato" da vida e um rol de lamentações comezinhas sucedem-se. Um estado de queixume que não nos deixa disponível para apreciarmos a vida e, nesse dias, ela  passa-nos ao lado... Não é a vida que nos finta, é o nosso mau humor que a evita.

Eu não sou eu nem sou o outro,

Sou qualquer coisa de intermédio:

Pilar da ponte de tédio

Que vai de mim para o Outro.

                                           Lisboa 1914 -Fevereiro

in "Poemas" de Mário de Sá-Carneiro, (pág.42), Edição Teresa Sobral para Círculo de Leitores, 2004 

Imagem alusiva ao dia de S. Martinho na homepage do Sapo.

Um gato dormia no meu jardim. Ontem à noite, lá estava ele bem aninhado na floreira que é a mais bem protegida da chuva e do frio. Deve ter saltado o muro e veio abrigar-se. Não se assustou com a minha presença. Não fez qualquer movimento para fugir. E lá continuou bem aninhado. Sem medo, meio ensonado, deixou-se fotografar.