África tão longe, momentos do passado e sem saudosismos. Passado que é revisitado com distanciamento, sim, e pelo prazer de trazer África até ao presente e colocá-la mais "perto" no tempo e no espaço geográfico. Revisito passado para reencontrar África que toma o tom dourado do capim seco e espalha o intenso cheiro a fumo da queimada, ao longe, quando a estação seca chega e o cacimbo se instala na savana. África que bebe o perfume das acácias rubras que a pontilham de vermelho fogo e que se enfeita com os tons garridos e quentes, matizes de fogo e paixão que atingem o todo o seu esplendor a cada pôr-do-sol. África que, à sombra do cajueiro na berma de uma qualquer estrada, me refresca com o suculento caju. África que me inebria com o aroma e o sabor do dendê e do jindungo. África muamba, calulu, muzonguê. África que pressinto sensual, perfumada, passo gingado de quitandeira dengosa que passa com a sua kinda vendendo as laranjas do Loje...