Aquele mar azul, mágico, ressalta da imagem, prende o meu olhar e convida-me ao sonho que surge, sem entraves. Então, a minha imaginação vagueia por aquele mar e pára naquela Ilha que, perdida nesse imenso domínio azul, se compraz em manifestar o seu inesquecível encanto. O meu sonho, logo ali, desenha o barco que vai seguir o roteiro marítimo que a minha imaginação traça para lá chegar. Embarco no meu sonho e naquele barco e parto à redescoberta daquela Ilha. O barco rompe o mar azul que, sentindo-se contrariado, espuma um rasto branco de raiva. Ignorando essa raiva, o barco avança, abrindo o espaço azul que me separa e me aproxima da Ilha. A viagem prossegue e a Ilha toma contornos mais nítidos. Olho as montanhas escarpadas que irrompem pelo céu e, encaixadas entre o branco sereno das nuvens e o azul violento do mar, descem, a pique, sobre ele, impondo-lhe os limites. Já espreito, ali, o Funchal. À luz do sol, o casario, subindo em anfiteatro, trepa pela encosta e, lá do alto, contempla o imenso azul atlântico que lhe desenha os pés. Prendo os olhos, de novo, no azul do mar e o meu sonho, rompendo as barreiras da minha criação, foge para se espraiar num outro sonho que rasga, também, esse mar imenso e navega à boleia de um navio de cruzeiro. O meu sonho, embalado por esse outro sonho, redesenha o barco e, por minha livre vontade, apodera-se do belo traço desse navio de cruzeiro. E deixo-me ir, à bolina, naquele mar dos sonhos por onde esse navio navega. Os meus sentidos estão despertos para captar todos os momentos do tranquilo prazer que a viagem me proporciona. Sinto que a emoção pode tomar conta de mim. Para me recompor, faço uma pausa nesse mar dos sonhos que me absorve... olho o mar azul, mais apaziguado, e procuro a linha do horizonte. Respiro fundo. O navio de cruzeiro aproxima-se do cais. Preparo-me para viver o instante em que os sonhos fogem de mim e se materializam. Espero a emoção e o encantamento, frente à Ilha. Então, debruço-me sobre a amurada do navio. As lágrimas de emoção caem livremente no mar, misturam-se àquele azul e tocam o casco do navio de cruzeiro. Olho, mais uma vez, o mar e penso que não há sonhos impossíveis... dirijo-me para o portaló para deixar o navio. Ali, a uma escassa distância, a bela Ilha da Madeira espera por mim...