Actualmente, o futebol (não a prática deste desporto) está na origem de muitos actos de vandalismo e de violência gratuita que se cometem a coberto de ser-se adepto de um qualquer clube. Traz-se para o espectáculo tudo que uma paixão mal conduzida pode fomentar: o desrespeito pela diversidade de escolha clubística e a intolerância à coexistência do êxito e do fracasso de uns e outros. Esquecem-se valores cívicos, veste-se a capa do ódio e da violência cega quando a irracionalidade está presente. Factos e ocorrências no futebol são exaustivamente alimentados, sustenta-se a maledicência e a insinuação que vão suportar toda a carga incendiária e irresponsável que atravessa indiscriminadamente o futebol, acicatando ódios que se estendem para além do campo onde os jogos se disputam. O calor da paixão clubística não deve extrapolar o comportamento social que é exigido pelo bom senso e pelas regras de sociedade. Tal comportamento, a par do vandalismo e da violência que o definem, deixam, à solta, o medo. Usufruir do prazer de assistir a um jogo de futebol acarreta riscos. A interiorização de que comportamentos desta índole possam acontecer gera momentos de insegurança e, no ar, paira o receio que, alguma vez, uma qualquer situação criada se apodere dos laivos de uma insubordinação social de difícil controle.