Um estado de alma pode compelir alguém para uma sentida expressão de indignação quando se depara com gente que se movimenta, em navegação livre pela Internet, procurando poisar, indiferente, no ponto certo onde pode apropriar-se do trabalho de outrém. Tal gente procede como a mosca. Sim, como a mosca, essa gente conspurca e suga tudo que lhe interessa. Compreende-se que a mosca, na busca do alimento, o faça. Afinal, ela desempenha uma função na Natureza e a sobrevivência da espécie empurra-a para tal... Mas gente que poisa onde pode sugar e conspurcar a criatividade dos outros, desconhece o que é escrever por gosto. É gente que não sabe o que é o acto de construção criativa da escrita e o que ele encerra de frustração, de esforço, de cansaço. É a frustração que se ultrapassa quando a reformulação ou o recomeço da escrita o exigem. É este o esforço redobrado que se ignora. É o cansaço que invade e com o qual se convive. É gente que não sabe nem pode sentir a emoção, a dor quando se toca em sentimentos e recordações, o entusiasmo das convicções que ficam expressas, a alegria que emerge do texto escrito, da realização conseguida. E é um compromisso que se assume com a escrita para que a rotina não tome conta da sanidade mental que se deseja preservada. E que dizer da indignação que assola o autor, face ao plágio? Essa gente nunca a sentirá. Mas todos estes estados de alma não contam para quem se apropria do labor dos outros. A mosca poisa, cola e chateia. Mas não tanto como essa gente sem questionamento ético.