Na campanha para as eleições legislativas, a maioria dos principais partidos políticos limita-se a desbobinar uma listagem slogans, estrategicamente publicitados, assentes em propostas constantes do programa político e, a par, arremessa os ataques pessoais, faz circular a maledicência para dar nas maturrangas de todos e de cada um dos adversários políticos e pôr a descoberto erros e fraquezas. Tudo é motivo e pretexto para ser devidamente anunciado porque o alvo das campanhas é o eleitor e é preciso cativá-lo. No momento do entusiasmo e de excitação da campanha eleitoral, torna-se imprescindível referir, mais uma vez, o trunfo, a obra ou a acção, que já são pretéritos, ou um novo trunfo, uma promessa que, duvidosamente, se perspectivará como exequível. É uma atitude de risco que cada partido político corre porque as promessas não cumpridas podem levar o eleitor ao distanciamento e postergação. Mas a campanha eleitoral não passa de uma desenfreada atroada de prometimentos e compromissos eleitorais e, o povo português, uma vez mais, parece apostar no desinteresse pela classe política, estado de alma que resulta da descrença nos actores da política. A campanha eleitoral resume-se à arte da galopinagem e à exoração de votos porque sem os ditos cujos, afinal, nem o número de deputados de cada partido político cresce na Assembleia da República, nem se alcança a meta mais ambiciosa, a cadeira do poder executivo.