Em voo rasante, o tom rosado identifica-o facilmente sobre a margem esquerda do rio, ali tão próximo da polémica. A cor marcadamente rosa das suas asas permite distingui-lo a grande distância e no seu marisma costumeiro, esta espécie pernalta corre esbelto com a sua plumagem rosada, colhe o estatuto de favorito na colónia leal ao rosa para que a forte envergadura da sua alma, coloridamente matizada, desde o tom rosa mais pálido ao mais vivo, não se atreva a destoar do ambiente que o envolve. Por aqui e por ali, no estuário do rio que frequenta, mantém-se alheio ao que se passa ali mesmo ao lado, fruto de acalorada controvérsia sustentada pelos media. Sem alteração, e com a fleuma exótica que o seu aspecto característico lhe confere, com as suas pernas rosáceas e bem longas vai percorrendo toda a margem de terreno alagadiço na área de conservação a que se sente confinado. A sua plumagem rosada outorga-lhe o privilégio de alimento em águas tão salobras que escolhe como seu habitat predilecto e onde firma arraiais para que, do generoso responsável pelo seu colorido, possa colher o produto dos pigmentos carotenóides de uma dieta de base acentuadamente rosa que o cerca e o sustenta, constituída, maioritariamente, por algas, crustáceos e invertebrados que povoam as águas de aspecto turvo e pouco profundas em que preferencialmente mergulha. Tão rosa e de beleza inconfundível, a este flamingo, é-lhe concedido o beneplácito de uma alimentação que resulta da imersão do seu bico encurvado, poderoso e que mana da perfeita adaptação à filtração para que possa dar continuidade à sua sobrevivência na família rosa dos fenicopterídeos e lhe realça o brilhantismo do tom rosáceo de que não pretende desligar-se.