O escorpião, habitante em terra firme, ser vivo supostamente flexível por ser munido de exosqueleto, para que não se lhe limite o crescimento e a sua acomodação no mundo europeu, recorre à ecdise. Usa esta estratégia evolutiva que lhe permite um processo de mudança para dela colher vantagens. O seu lema essencial é suportado pela lei de Lavoisier: ''Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma''. Convicção é a força inseparável para atingir uma nova mudança. Adapta-se a novos ambientes. Resiste. Lúcido, só consegue digerir as suas próprias ideias. Rejeita as dos outros, recorrendo às suas quelíceras intelectuais. Estigmatiza-os. De forma afiada, as garras acintosas saem-lhe da boca para amarfanhar e conter tudo que os outros dizem e pensam. Ninguém pode interferir e discordar das suas ideias. O seu auto-domínio alimenta ódios de estimação. A posição é de controlo, mantido rigidamente. O seu objectivo projecta-se no corte com velha configuração porque muitos não lhe perdoam a exúvia ideológica e a construção de nova figuração que não aceitam... Espera que a oportunidade surja para, corajosamente, enfrentar os predadores críticos da sua transmutação que o adaptou ao meio que não permite intromissões adversas. De reacção circunspecta e fria, é controlado pela inteligência e pela reacção emocional que procura não deixar transparecer. Imbuído do poder de percepção, sabe lidar com o seu próprio poder. Com audácia provocatória, força situações. Joga o tudo e o nada. Gosta de estar na frente do combate. A concretização dos seus fins, pluralizada pelo ''Nós, escorpiões'' não pode ser impedida. Defende-se agilmente das ferroadas extremamente fortes dos imperdoáveis ou dos intolerados adversários que, sob o seu ponto de vista, lhe fazem um ataque de furor, pretendendo conduzi-lo à destruição. Vai à luta. Reage e, sem olhar a meios, recorre ao seu ferrão, o telson, usa o seu veneno palavroso e tira vantagem. Por fim, os seus adversários admitem que lhe prestaram um grande favor.