A líder do PSD, afinal, não vai rasgar as soluções e as medidas de políticas económica e social que o actual governo anunciou para enfrentar a crise que o país atravessa. Contudo, a líder do maior partido da oposição faz um recuo quanto à decisão que irá tomar caso ganhe as legislativas e forme o próximo governo e, num triste “rasgo” estratégico, afirmou que nunca rasgaria tais medidas. Manuela Ferreira Leite esqueceu o que dissera e toma posição oposta à que afirmara. A sua atitude de rasgar e romper com as medidas traçadas pelo governo PS não foi nada feliz. Ela critica a inoperância do governo na aplicação de tais medidas e que as mesmas não tenham passado de simples anúncio. Concorda com algumas e lamenta que nunca tenham sido postas em prática. Claro que tal mudança deixa transparecer uma fragilidade resultante da afirmação que fizera anteriormente e que agora nega, não esclarecendo quais os pontos de discordância com as tais medidas políticas e, nem em traços largos, soube concretizar as transformações que operaria nessas medidas. Tal postura, leva-me a crer que a líder do PSD vai fazer o recorte daquilo que convém e com que concorda nas referidas medidas políticas económicas e sociais e, de seguida, vai fazer uma colagem às soluções que preconiza para vencer a crise. Assim, falando em termos de actividades de expressão plástica, da rasgagem que enunciou e que nega, passa ao recorte e, por fim, à colagem. As medidas serão a produção final do recorte e da colagem, em que o suporte será toda a sociedade. Veremos, caso venha a constituir o governo resultante das eleições, qual a adequação do recorte e a eficácia da cola que usará, o seu doseamento e a sua qualidade para que não cause mais manchas na sacrificada sociedade portuguesa.