Há duas semanas, a derrota, de chofre, quebrou toda a euforia de vitória que fora sentida antecipadamente. Foi evidente que todo o entusiasmo que caracterizou e antevia um resultado positivo, mas não atingido, num ápice, murchou. O orgulho patente, suportado pela esperança certa e presciente de que os opositores seriam redundantemente derrotados ou até cilindrados pelos resultados eleitorais, sofreu uma metamorfose de sentido radicalmente oposto e revelou-se a humildade contra-natura. Afinal, como lhes parecia ser tão pouco mobilizadora a atitude da líder do principal e mais frontal partido opositor. Tudo apontava para um resultado que o partido do governo se convencera como merecido, uma vez que, os votos dos eleitores, embora para o Parlamento Europeu, seriam já a primeira confirmação do sentido que a governação tomara como rumo de reformas e de concretização de promessas?! Estas acabaram esfumadas... Fora tão pretensiosamente corajoso e determinado que o autismo, que tomara conta de si, não o deixou aperceber-se do ar de descontentamento e desalento que se respira na sociedade portuguesa. Ah!... Mas os eleitores quando tiveram a primeira oportunidade de demonstrarem o seu estado de alma através dos “votozinhos” depositados na urna, ofereceram-lhe uma contagem final que não foi nada a contento. Que balde de água fria para o acordar de uma letargia que o impedia de ver o país real. Toca de fazer um rápido “delete" à postura que, até então, parecia trazer-lhe vantagem. O tempo urgia. Daqui a poucos meses serão as legislativas e as autárquicas e é preciso ânimo que alimente a esperança de vitória. Nada deve obstaculizar o objectivo de vencer. Apagar a máscara de teimosia e de latente hostilidade para com alguns sectores do eleitorado, talvez os mais esclarecidos; fazer um “download” de brandura para que sobressaia, afinal, uma atitude de humildade; desenhar uma inflexão com o sequente abandono da teimosia que foi tão sentida e pesada, aceitando que algumas medidas e decisões fiquem para depois das eleições legislativas porque se quer, mais uma vez, outra maioria parlamentar. Acontece como na velha história do lobo que se veste de pele de cordeiro. Será para apanhar novamente outros incautos e ingénuos?! Conseguirá enganar novamente? A mim, "jamais".