Munidos do respetivo currículo para acederem ao palco do poder pelo voto livre e democrático, atores do carreirismo político fizeram promessas de boa representação e, teimosamente, levam à cena, em tempos de crise, uma peça sobre a justiça social sui generis, inspirada na austeridade. No cenário das políticas que interpretam, os atores do poder não revelam talento. Canastrões! Não passam de atores institucionais que levam ao público, e mais uma vez, a representação do estafado roteiro da austeridade.
À boca de cena, um "brutal" anteolhos é o adereço que lhes completa o figurino de personagens frias e austeras que encarnam. Sem emoção, só podem olhar em frente. Mais próximos e em lugares privilegiados, veem os ricos, os multimilionários, um inacreditável número que cresce em tempo de crise. Encaram-nos num diálogo de surdos-mudos! São os intocáveis! Mais ao longe, ocupando os lugares mais afastados do palco do poder e lá bem ao fundo, a perder de vista, olham os mais pobres que estão “mais pobres” e oferecem-lhes a farsa da caridadezinha. Só isso! E do palco, os atores mais nada vislumbram, obcecados que estão com a exigência do encenador, a Troika. Obedientes às etapas de representação e às decisões que o encenador toma, os atores refugiam-se no “ enorme” ponto cego causado pelo tal adereço que lhes tolda a visão bilateral! Não enxergam a classe média que tudo aguenta, em troca de nada. Mas sabem que ela está lá, à mão de sugar, a classe social de suporte e solidária, esmifrada e exaurida, (e quem aguentará tal cena de austeridade?), até que desfaleça e passe a ser visionada, bem ao longe, a engrossar o pelotão dos mais pobres. E no país das maravilhas e dos milagreiros, o drama de cortes, impostos, taxas, contribuições extras e de toda a parafernália de medidas a executar para cumprir as metas do défice continua. Com gaffes, excesso de buchas e marcação desacertada dos atores, o ritmo do jogo cénico imposto pelo encenador cumpre-se, no palco do poder. Em busca da presença cénica da oposição política e do T.C.*, os atores, desde o palco do poder político, lançam as “deixas”… que ficam no ar! Em suspenso!… Ninguém, para já, quer contracenar e servir de muleta neste espetáculo da austeridade que não tem sucesso garantido. O fiasco parece que ronda… but the show goes on.
*Tribunal Constitucional