É outono. A Troika por cá, 8ª e 9ª avaliações a decorrerem e a azáfama da campanha eleitoral toma conta do quotidiano. Os candidatos aos órgãos autárquicos, quer apoiados pelos partidos políticos, quer constituindo grupos de cidadãos independentes, num jogo de apelo ao voto, desdobram-se por inúmeras atividades comunicacionais (arruadas, feiras, festas, etc.) para captar o povo. A música, vira o disco e toca o mesmo, não falta a acompanhar toda campanha eleitoral. Outdoors, pendentes, bandeiras, faixas enxameiam ruas, praças, jardins, rotundas... e, a quem passa nos locais mais movimentados, distribuem-se os prospetos informativos dos candidatos.
Enquanto o povo vive tempos de contenção, há candidatos que, estranhamente, até dispõem de bons orçamentos! Como são fartos na distribuição de brindes e na oferta de espetáculos. O povo nunca recusa! A proveniência da oferta de brindes e de espetáculos nunca é posta em causa. O povo quer o brinde! E quer ouvir e ver o cantor que aprecia, ao vivo, a cores e de borla. Contudo, nesta luta pelo poder autárquico, há que contar com o candidato mais temido. Chama-se Abstenção! Não recorre a estratégias de campanha eleitoral, não oferece brindes nem dá música. Não precisa. Há sempre gente que aposta nela! Do eleitor, só exige comodismo e que não compareça no dia da eleição. E tanta gente assim faz. Justifica-se de que já não vale a pena exercer o direito de voto. E a Abstenção, o candidato temido e inútil, obtém grande e influente score no resultado final… Um número sem rosto, um adversário sempre presente. Quem “assim escolhe”, deixa a decisão nas mãos dos outros. Depois, não será tarde demais para se lamentar?