A preguiça, ao sol quente de junho, toma conta do corpo, apodera-se das horas e alia-se à cadeia de inutilidades que vai ocupando a mente. A vontade, que não se solta das amarras da preguiça, entrega-se vencida ao relaxamento inconsequente, enquanto o pensamento, livre de rotinas e obrigações e esquecido de tudo o que é importante, deambula e não se deixa traduzir pelas palavras que, agarradas à ociosidade instalada, não se comprometem, antes se tornam indolentes ou improfícuas. O melhor, pois, é buscar o silêncio, senti-lo, adicioná-lo à preguiça para a rentabilizar ao máximo, porque o sol quente de junho permite que seja usufruída sem remorsos nem lamentos.